Dor e sofrimento 2024

Dor e sofrimento compreendidos por diferentes Tradições Religiosas – aprendizagens para a assistência e o cuidado em Saúde

Inscrições: https://sistemas.unifesp.br/acad/proec-siex/index.php?page=INS&acao=1&code=24860 

Plano de Curso:

Universidade Federal de São Paulo / Pró-Reitoria de Extensão e Cultura 

Grupo de Estudos de Filosofia da Saúde (UNIFESP/CNPq) 

Linha de pesquisa: Filosofia, Espiritualidade e Saúde 

Curso de Extensão – 30 horas

Dor e sofrimento compreendidos por diferentes Tradições Religiosas – aprendizagens para a assistência e o cuidado em Saúde

Coordenadora – Resp. Técnico-Científico – Profa. Dra. Viviane Cristina Cândido

Vice coordenadora – Profa. Dra. Nádia Vitorino Vieira

Dor e Sofrimento estão presentes na existência humana, sobretudo nas práticas em saúde. Filósofos que vivenciaram essas experiências no campo da saúde, tais como: Nietzsche e Pascal, produziram seus pensamentos filosóficos considerando-as, todavia, esse debruçar-se sobres os temas também está presente nas diferentes Tradições Religiosas, as quais como sistemas de sentido, buscaram aprofundar o significado dessas experiências. Esse curso pretende acrescentar ao escopo das reflexões filosóficas no campo da saúde a compreensão da dor e do sofrimento nas tradições Judaica, Cristã, Islâmica, Espírita, Budismo; as tradições de matriz africana como Candomblé, Umbanda; bem como as tradições indígenas e a perspectiva dos Ateus, de modo a proporcionar aos profissionais de saúde, bem como aos voluntários e estudantes uma maior compreensão da nossa condição humana.

2. Objetivos

Esse curso pretende acrescentar ao escopo das reflexões filosóficas no campo da saúde a compreensão da dor e do sofrimento nas tradições Judaica, Cristã, Islâmica, Espírita e Budista; nas tradições de matriz africana Candomblé e Umbanda, nas Tradições Indígenas e a perspetiva dos ateus, de modo a proporcionar aos profissionais de saúde, bem como aos interessados e estudantes da área, uma maior compreensão da nossa condição humana. Trata-se de fomentar discussões acerca das experiências humanas mais corriqueiras e universais - o sofrimento e a dor - e compreender como o ser humano é capaz de suportar o sofrimento ao longo de sua existência, mediado por suas diferentes concepções religiosas.

3. Justificativa

A questão da dor e do sofrimento acompanha a humanidade em toda sua existência. Há notícias na literatura que descrevem a dor bem como a busca de medidas para minorá-la. Pesquisas antropológicas nos túmulos dos antepassados revelam a existência de diferentes ferramentas para curar as dores. Os egípcios já conheciam a anatomia humana, graças à tradição da mumificação, tradição esta que lhes permitiu analisar partes dos corpos e associá-las a doenças adquiridas durante a vida. Em algumas múmias foram encontrados sinais de cirurgias. (PERTILE, 2020.)

Se, por um lado, a dor física nos anuncia que algo em nosso corpo não está cumprindo suas funções básicas, por outro a dor nos iguala. Tanto sofrem as figuras mais eminentes quanto o homem mais simples, não fora a presença da dor sucumbiríamos a muitas mazelas.

Dor e sofrimento têm sido tematizados não só pela área da saúde, mas também por diferentes pensadores, muito deles sofreram na própria carne as agruras do adoecimento. Calçado se refere a Pascal e Nietzsche como exemplos de resistência à dor e ao sofrimento.

Friedrich Nietzsche e Blaise Pascal tiveram suas vidas marcadas pela dor. O sofrimento físico e, consequentemente, o psíquico, não impediram que esses dois pensadores afirmassem a vida em sua totalidade. Tanto em Nietzsche como em Pascal não se encontra uma negação da doença. Pelo contrário, ambos assumiram a debilidade para empreender uma discussão sobre o valor do sofrimento. Apesar de partirem de princípios diferentes, esses pensadores ressignificaram seu itinerário intelectual afirmando a importância da enfermidade para a valoração da vida. (CALÇADO, 2011).

Dor e Sofrimento estão presentes na existência humana, sobretudo nas práticas em saúde. Se, por um lado, na Filosofia, podemos destacar Nietzsche como filósofo que produziu seu pensamento considerando-as, de outro, podemos destacar o também teólogo Pascal. Enfim, dor e sofrimento são experiências “universais” e caracterizam a condição humana, assim sendo são temas sobre os quais as diferentes Tradições Religiosas, como sistemas de sentido, se debruçam e buscam aprofundar seus  significados.

4. Metodologia

O curso será à distância, via Google Meet. As pessoas inscritas receberão, antecipadamente e por e-mail, as informações para acesso. 

Terá uma introdução, na qual pontuaremos a necessária compreensão multidisciplinar para o entendimento da condição humana e a consequente compreensão da dor e do sofrimento como parte de nossa experiência como seres viventes. Em seguida, convidamos alguns professores que são líderes religiosos e/ou estudiosos das religiões para tematizar connosco a questão da dor e do sofrimento em diferentes tradições religiosas; finalizando com uma reflexão acerca do ateísmo e da proposta de uma espiritualidade ateia proposta pelo filósofo André Comte-Sponville. Entre os convidados temos médicos, antropólogos, psicólogos, filósofos, cientistas das ciências das religiões, entre outros, evidenciando as múltiplas possibilidades de abordagem do tema.

O curso será online, via Google Meet, na forma de palestras, seguidas de tempo para perguntas dos participantes. Das 30 horas do curso, 10 serão destinadas à leitura das referências bibliográficas a serem utilizadas para a discussão em aula com os professores. O acompanhamento pedagógico e do conteúdo das aulas dadas por terceiros fica sob a responsabilidade da professora Dra. Viviane Cristina Cândido, cujo doutorado em Ciências das Religiões fundamenta essa atribuição.

5. Processo seletivo

Não haverá seleção dos participantes, a vaga estará garantida pela inscrição, desde que ainda disponível.

Lembramos que o presente curso visa fornecer fundamentação teórica e contribuir para a formação dos profissionais da saúde para, do ponto de vista filosófico, compreenderem a nossa condição humana e, em consequência, compreender a dor e o sofrimento. A perspectiva das diferentes Tradições Religiosas fortalece essa aprendizagem. Não se trata de um curso proselitista, que busque adeptos para as Tradições e/ou vise o aprofundamento pessoal daqueles que têm fé.

6. Conteúdo programático

03/04/2024 – Dor e Sofrimento - Abordagem Filosófica e pelas Tradições Religiosas – Profa. Dra. Viviane Cristina Cândido

10/04/2024 – Dor e Sofrimento na Tradição Judaica – Dra. Andréa Kogan

17/04/2024 – Dor e Sofrimento – Tradição Cristã – Dr. Valdir Reginato

24/04/2024 – Dor e Sofrimento na Tradição Islâmica – Sheik Armando Osman Mazloum

08/05/2024 – Dor e Sofrimento na Tradição Espírita – Ms. Silvia Cristina B. Abuchaim 

15/05/2024. – Dor e Sofrimento na Tradição Indígena –  Edinaldo Rodrigues Xukuru

22/05/2024 – Dor e Sofrimento na Tradição do Candomblé – Dr. Marcelo Mendes Chaves

29/05/2024 – Dor e Sofrimento na Tradição da Umbanda – Dra. Patrícia Rodrigues de Souza

05/06/2024 – Dor e Sofrimento na Tradição Budista – Profa. Dra. Simone Brasil de Oliveira Iglesias

12/06/2024 – Dor e Sofrimento no Ateísmo, no pensamento do filósofo André Comte-Sponville – Profa. Dra. Viviane Cristina Cândido.

7.Referências Bibliográficas:

CALÇADO, Thiago. O sofrimento como redenção de si: Doença e vida nas filosofias de Nietzsche e Pascal. São Paulo: Paulus, 2012.

KREEFT, Peter. Buscar Sentido no Sofrimento. São Paulo: Edições Loyola, 1995.

PERTILE, Rosangela de Almeida. A História das técnicas médicas a partir das ilustrações em papiros do Egito Antigo. Khronos, Revista de História da Ciência nº 10, dezembro 2020.

8. Leituras obrigatórias e complementares

ALMEIDA, Arthur H. Nogueira. Preto e Velho: agenciamentos de cura e ancestralidade em um terreiro de matriz bantu. Monografia de graduação em Antropologia, Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2016. Disponível em: <https://www.academia.edu/28663814/PRETO_E_VELHO_AGENCIAMENTOS_DE_CURA_E_ANCESTRALIDADE_EM_UM_TERREIRO_DE_MATRIZ_BANTO>. Acesso em 29 fev. 2024.

BASTIDE, Roger. O Candomblé na Bahia: rito nagô - (Título original: Le candomblé de Bahia: rite nagô). São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

BIRMAN, Patrícia. O que é umbanda. São Paulo: Abril cultural: Brasiliense, 1985

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Os Guarani: índios do Sul — Religião, Resistência e Adaptação. Estud. av. vol.4 n Q. 10. São Paulo Sep ./ Dec. 1990. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141990000300004>. Acesso em: 01 Mar. 2024

COMTE-SPONVILLE, André. O espírito do ateísmo – introdução a uma espiritualidade sem Deus. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Livraria Martins Fontes Editora Ltda, 2007. (Capítulo III – Que espiritualidade para os ateus? Páginas para leitura prévia 127-135 e 174-186).

DENIS, Leon. O problema do ser do destino e da dor. Brasília: Federação Espírita Brasileira (FEB) Ed., 2019 

FRIEDENWALD, H. The Jews and Medicine. Baltimore: Ktav Publishing House/Johns Hopkins, 1967.

KLÜGGER, Ruth. Paisagens da memória: autobiografia de uma sobrevivente do Holocausto. São Paulo: Ed. 34, 2005.

LARAIA, Roque de Barros. As religiões indígenas: o caso Tupi-Guarani. REVISTA USP, São Paulo, n.67, p. 6-13, setembro/novembro 2005. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13451>.  Acesso em: 01 Mar. 2024.

LEVI, Primo.  É isto um homem? São Paulo: Rocco, 2013.

MELLO, M. L.; OLIVEIRA, S. S. Saúde, religião e cultura: um diálogo a partir das práticas afro-brasileiras. Saúde e Sociedade, v. 22, n. 4, p. 1024–1035, out. 2013. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/sausoc/a/ttxqHqyrBD5YsP4rGt5WttQ/?lang=pt#>. Acesso em 29 fev. 2024.

Wiesel, Elie.  A noite.  Rio de janeiro: Ediouro, 2003. 

9. Avaliação

O certificado será conferido aos que cumprirem 75% de presença nas aulas online, que serão controladas via formulários de participação, e que tiverem efetivamente participado das conferências.

10. Estratégias de divulgação

O Grupo de Estudos em Filosofia da Saúde (GEFS) – UNIFESP/CNPq e a linha de pesquisa Filosofia, Espiritualidade e Saúde (FES) cuidarão da divulgação por meio de suas redes sociais e outros, bem como estará disponível na página de divulgação de eventos da Unifesp e no site gefs.unifesp.br


Ilustração: La Douleur (Sorrow) (1868-1869) by Paul Cézanne