Filosofia da Saúde
Informações gerais
O Grupo de Estudos de Filosofia da Saúde - GEFS visa a fundamentação de uma Filosofia da Saúde, de modo a garantir a definição da especificidade desta área de conhecimento; sua aplicação nos diferentes campos da Saúde, bem como contribuir para a formação dos seus profissionais. Têm buscado a inserção e atuação no tripé ensino-pesquisa e extensão, numa perspectiva multidisciplinar na Graduação, Residência Médica e Multiprofissional e Pós-Graduação lato e stricto sensu. Conta com uma linha de pesquisa Filosofia, Espiritualidade e Saúde. A partir do envolvimento dos alunos da graduação dos cursos de Biomedicina, Enfermagem, Filosofia e Medicina, entre outros, foi criada a Liga Acadêmica de Filosofia da Saúde. Em 2021, o Grupo realizou a I Jornada Internacional de Filosofia da Saúde, que se tornará bianual, e publicou o Dossiê de Filosofia da Saúde na PoliÉtica - Revista de Ética e Filosofia Política, ISSN 2318-3160:
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Grupo de Estudos de Filosofia da Saude UNIFESP/CNPq
Como nasceu o GEFS
O Grupo de Estudos de Filosofia da Saúde – GEFS/ UNIFESP, vinculado ao CNPq, existe desde 2018, partindo de uma iniciativa da Prof.ª Drª Viviane Cristina Cândido e de pesquisadoras do Centro de História e Filosofia da UNIFESP (CeHFi/ Unifesp), interessadas em ingressar na educação em saúde. Inicialmente, o GEFS surge como um grupo de estudos de temas relativos à saúde, com embasamento em conceitos e reflexões filosóficas, com o intuito de que seus integrantes se amparassem nesses estudos para ministrar aulas em uma unidade curricular do primeiro ano do curso de graduação em medicina da Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo.
A proposta da unidade curricular, intitulada Iniciação às Práticas Médicas, era que os professores das áreas médica, saúde preventiva, saúde coletiva e equipe CeHFi, composta, por sua vez por psicólogas, dentistas, médicas e filósofas construíssem discussões sobre os principais temas levantados pelos discentes após visitarem cenários da prática médica, por exemplo, Unidades Básicas de Saúde, centros cirúrgicos e demais departamentos e setores do Hospital Universitário, momentos em que tinham o primeiro contato com a prática profissional, através da observação.
Ao observarem esses cenários, os discentes se deparavam com os primeiros dilemas da profissão, trazendo para as aulas reflexões com as quais todos os docentes contribuíam e, nas quais, se fez notar que as reflexões trazidas pela equipe CeHFi que, como dissemos era multidisciplinar e estudava filosofia coletivamente para se preparar para as aulas, eram destacadas e consideradas, pelos docentes das demais áreas, até mesmo para a sua própria formação. Isso culminou no início de um curso dado pela Prof.ª Drª Viviane Cristina Cândido, filósofa de formação, juntamente com dois médicos, Dra. Maria Auxiliadora Craice de Benedetto e Dr. Afonso Carlos Neves, que visava os estudos da filosofia para preparar os demais docentes envolvidos com a unidade curricular para a reflexão nos encontros com os estudantes.
Como tanto o GEFS quanto o grupo com os docentes da unidade curricular do curso de medicina eram compostos por diversos profissionais, organicamente, essas discussões aconteciam de forma multidisciplinar e multiprofissional, o que contribuiu para que ali estivéssemos desenvolvendo temas relativos a uma filosofia da saúde. Percebeu-se que, nesse espaço, algo de suma importância estava em curso para o graduando em medicina, que estava tendo o primeiro contato com temas cruciais para sua formação, como a relação médico-paciente, ética e bioética, entre outros.
Importante ressaltar que, no ano de 2020, o surgimento da pandemia mundial de Covid-19 colocou para o GEFS o desafio de ordem teórica e prática em que a reflexão sobre temas da filosofia, tais como a condição humana, a dor, a morte, o sofrimento, a autonomia, a ética passaram a ter grande importância para a educação em saúde, considerando o ensino, principalmente, na graduação, que exigiu uma reflexão capaz de dar suporte para os educandos diante da crise instalada e que reverberou para o acompanhamento de grupos de docentes e departamentos de pesquisa em que a reflexão filosófica era necessária e solicitada. Na área da pesquisa, por exemplo, contribuindo para o pensar acerca da telessaúde e da telemedicina, a partir de uma pesquisa qualitativa com idosos que tiveram consultas realizadas por telefone, por médicos residentes da geriatria, e seus desafios éticos e fundamentos epistemológicos.
Desde o seu surgimento, em 2018, o grupo vem estudando autores e obras que evidenciam como o estudo da filosofia é importante para lidar com questões que atravessam a medicina como ciência e a prática dos profissionais de saúde, decorrente dela. Em 2018, Jacqueline Lagrée e seu livro O Médico, o Doente e o Filósofo, cujo estudo contribuiu para a percepção da importância da interface entre filosofia e saúde, uma vez que, nessa obra, a autora, que é filósofa e acompanha equipes pediátricas de cuidados paliativos na França, tanto apresenta um referencial teórico para pensar a saúde, considerando a filosofia, quanto reflete acerca das práticas em saúde a partir desse referencial, principalmente na Medicina.
Em 2019, Hans Jonas, Técnica, Medicina e Ética: Sobre a prática do princípio responsabilidade, obra que pretende apresentar questões relativas a uma ética especialmente voltada para a área da saúde, dados os avanços da biologia, notadamente no campo das biotecnologias e da genética, onde o ser humano torna-se, ele mesmo, o objeto das pesquisas e das necessárias intervençoes, do que decorre a necessidade de um princípio, o da responsabilidade, aplicado à medicina.
No início de 2020, Franz Rosenzweig e o livro El libro del sentido común sano y enfermo, obra que apresenta uma reflexão acerca da filosofia sistemática e, assim como Hans Jonas, propõe uma filosofia do vivente, que considere o ser humano real, a morte e o outro. Em 2020 e 2021, considerando a pandemia, o grupo passou a discutir temas relativos a esse momento, buscando encontrar subsídios para o trabalho realizado com os estudantes de graduação, de pós-graduação e de pesquisa. Filósofos como Montaigne, Pascal e Nietzsche foram autores lidos nesse momento.
Neste ano de 2022, buscando uma reflexão conjunta acerca da Filosofia e da Espiritualidade, estudamos Hans Jonas, O Conceito de Deus após Auschwitz - Uma voz Judia, obra da qual nos aproximamos situando-a no contexto da obra Mortality and morality: a search for the Good after Auschwitz; o problema do mal e o lugar da experiência judaica no pensamento do autor, de modo a entendermos a visão de Deus presente na obra e o que ela significa em termos de uma filosofia que considere a experiência.
Nesse período o GEFS tem se dedicado a questões relativas à filosofia da saúde de forma a integrar em suas ações o tripé ensino, pesquisa e extensão. Isto porque todos os projetos de pesquisa desenvolvidos, em sua ambiência, fornecem o arcabouço teórico para o desenvolvimento das ações de extensão e de ensino.
Sobre a imagem:
O quadro original em óleo sobre tela, medindo 166,3 cm por 241,9 cm, de “The Doctor”, que foi pintado em 1891, está exposto na Galeria Tate, em Londres. Foi encomendado pela Rainha Vitória a Sir Henry Tate que, por sua vez, comissionou Fildes a pintá-lo por £ 3.000. Em 1894, ele o doou à Galeria Nacional de Arte Britânica. Ao lado do mesmo está o seguinte texto: *
“A obra-prima de Fildes, que se tornou imediatamente popular, foi inspirada na morte de seu filho no dia de Natal de 1877, e pela devoção profissional do médico que lhe deu assistência. Ele deu a seu quadro um final mais feliz, pois mostra o momento, ao raiar do sol, quando a criança apresenta os primeiros sinais de recuperação. Fildes se esmerou em fazer com que o quadro fosse bem convincente, construindo um interior de chalé dentro de seu ateliê, posicionando a janela da cabana em frente à janela do mesmo. Levantava-se a cada dia bem cedinho a fim de pintar à luz matutina quando começava a penetrar no ambiente.”
Fonte: https://culturaesaude.med.br/o-quadro-the-doctor-o-medico